segunda-feira, 5 de setembro de 2011

NAVI - JORNAL PIONEIRO caderno SETE DIAS


Diálogos estéticos
Bienal reúne Navi e espaços de arte da Bolívia e Colômbia
A 8ª Bienal do Mercosul, que abre sexta-feira em Porto Alegre, propõe discussões sobre geopoética e territórios da arte. Inserido nesta proposta, o Núcleo de Artes Visuais de Caxias do Sul (Navi) constrói pontes de criação com a Colômbia e a Bolívia no Projeto Continentes. Da triangulação desse diálogo estético, nascem criações compartilhadas, revisão de projetos, residências artísticas e exposições, que serão implementadas entre setembro e novembro.

A partir de conceitos como mapeamento, colonização, fronteiras, alianças e transnacionalidades, o Navi vai trabalhar com os espaços de arte Lugar a Dudas, de Cáli, na Colômbia, e Kiosko, de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Com o Kiosko, a proposta é desmembrada em cinco ações, escolhidas depois de intermitentes conversas com o coletivo de artistas bolivianos. Dentre as ações, o Navi revisita e se reapropia da criação coletiva Terras, com pigmentos extraídos de terras da região. Mobilizada pela criação, a artista plástica Raquel Schwartz começou a trabalhar em seu país, mas virá a Caxias para uma residência de criação. Na imersão com o espaço e o território da Serra, pretende formalizar/finalizar a conversa estética. Outro boliviano que estará em Caxias é Roberto Unterladstatter, que vai trabalhar com as criações em pinhole de Neuza Zini, explorando a ideia de objetos imagéticos sem narrativa.

Significativamente, o Lugar a Dudas, da Colômbia, contém o termo “questionamento” em seu nome. Nada mais apropriado do que a proposta que derivou dos contatos iniciais com o núcleo caxiense: os colombianos mandarão para Caxias uma réplica da Arca – Archivo Móvil de Cali, cujo mote é a compilação, reprodução, catalogação e circulação de práticas artísticas. Na dinâmica das residências artísticas, virão a Caxias Yolanda Chois, coordenadora das atividades e das exposições do Lugar a Dudas, e Juan Sebastian Ramirez, curador e artista da Arca. Nas 12 gavetas do móvel, ações e artefatos artísticos, memórias revisitadas, documentações, reapropriações, partilhas de procedimentos de criação. A décima segunda é especialmente importante, pois inaugura o Projeto Navi-Arte Postal, que se manterá além do período da Bienal: artistas do Navi e convidados criarão postais, que serão enviados por correio. As pessoas que receberem os trabalhos farão intervenções neles, devolvendo. Passo seguinte, os cartões deverão compor um mosaico multiarte e multirreferencial a ser exposto na Galeria de Arte do Ordovás.

– Dentro de tantas ações superelogiáveis da Bienal, é importante entendermos que o Navi é, também, a Bienal. O que vai acontecer é, de fato, um território artístico expandido. Nos mostramos e também somos vistos. Isso é um reconhecimento e um novo fôlego para nosso trabalho. Trata-se de um olhar para o passado que aciona um gatilho para o futuro – avalia a presidente do Navi, Mara De Carli Santos.
Projeto: Além do NAVI, outros dois espaços gaúchos do Projeto Continentes são o Dobradiças,de Santa Maria e a Subterrânea, de Porto Alegre.
carlinhos.santos@pioneiro.com
05/09/2011 | N° 11156


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