O Navi e as ousadias estéticas em diálogo
Logo na entrada da exposição Continentes, no Navi, a gente vê um carrinho de supermercado carregado de terra. Só que a terra se derrama pelos buracos do carrinho. Num vídeo, o artista escreve a(s) palavra(s)(s) nação, noção, com milho, para registrar a movimentação de pombos para comer a semente. Para sufoco do próprio criador, não foram os bichos que cataram os grãos de milho, mas humanos! Noutro trabalho, uma carreira de terra repousa sobre um espelho, ao lado de uma nota de dinheiro enrolada. São três pequenos exemplos das muitas e instigantes obras assinadas por artistas bolivianos. As criações foram feitas a partir de trabalhos dos artistas caxienses ligados ao Navi. Liberdade de apropriação, mais liberdade e inventividade ainda na construção desta conversa estética.
Como escrevi na 3por4 impressa de hoje, a exposição é muito bacana e precisa ser vista por muitos. Isso é fundamental por vários motivos. Um deles é o fato de mostrar como é produtiva a aposta dos Ensaios de Geopoética da 8ª Bienal do Mercosul, que amplia os horizontes e territórios de sua ação. Outro é o fato de mostrar a competência de organização, planejamento e execução de propostas do Navi.
Talvez o termo já seja meio dejavú, mas o espaço é vanguarda na construção de um pensamento artístico coerente e atento às nuances e transformações do sistema de produção artística na contemporaneidade. E mais: estes diálogos feitos com o Kiosko, da Bolívia, que rende esta exposição a ser conferida terças e quintas à tarde, e o Lugar a Dudas, da Colômbia, que esteve por aqui no começo do mês, ampliam horizontes e possibilidades de arejar, dinamizar e surpreender o ambiente das artes de Caxias do Sul e de todo o Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário